domingo, 2 de setembro de 2012

No início do ano letivo deve ser útil consultar este site. Nele encontrarão informações para lecionar a História de Cabo Verde. Para todos um bom trabalho. http://www.portaldoconhecimento.gov.cv/bitstream/10961/354/1/Dos%20povoadores%20aos%20filhos%20da%20terra%20-%20a%20din%C3%A2mica%20da%20sociedade%20caboverdiana.pdf

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Soberania portuguesa em perigo nas ilhas de Cabo Verde

Os finais do século XVIII foram marcados pela determinação portuguesa de acabar com as ilhas desabitadas em Cabo Verde. Registe-se o propósito de levar a cabo o povoamento de S. Vicente, Santa Luzia, Sal e os ilhéus Branco e Raso. Afirmava-se a ideia de um povoamento branco instalando “ um bom número de degredados e casais europeus para as povoar”. Foi no reinado de D. Maria I que se determinou o povoamento destas ilhas. Aliciaram-se casais açorianos aos quais eram concedidos privilégios, como não pagamento dos foros (rendas) das terras ocupadas por um período de dez anos. Mas nem assim os povoadores apareceram. As dificuldades geomorfolágicas, o clima e o conhecimento das fomes endémicas que assolavam as ilhas, não atraiam povoadores. Sugiram iniciativas privadas que granjearam o apoio do governo de Lisboa, continuando este a insistir numa população maioritariamente branca, para o efeito limitando o número de colonos a transitar das outras ilhas de composição populacional maioritariamente negra. É assim que nas Instruções do que se deve praticar com a nova povoação da Ilha de S. Vicente, uma das desertas de Cabo Verde se afirma que a rainha “expressamente proíbe que das outras ilhas se possa transportar maior número de casais por não se julgar conveniente que esta nova povoação se execute inteiramente com os habitantes dessas ilhas quando pouco a pouco se podem ir introduzindo casais destes reinos e das ilhas dos Açores” e acrescenta que a razão apontada para esta proibição é que estes (do reino e dos Açores) “ se reputam de mais ativos e laboriosos e mais capazes de semelhantes estabelecimentos”. Esta postura racista resulta da ideia, corrente na época, de que os negros eram elementos inúteis ou perigosos, sendo mesmo acusados do atraso cultural da colónia. Esta posição ideológica justificou o envio de grande número de degredados e de colonos barcos para Santiago, para posteriormente serem encaminhados para S. Vicente. Mas esta iniciativa fracassou (1781) ao ponto de se verificar que “ dos que vieram de Lisboa… para serem colonos já não existe nem um só”. Uns tinham desertado, outros tinham morrido

S. Vicente, ponto de encontro das mais desvairadas gentes….

Neste texto segui a par e passo o livro Nos Tempos do Porto Grande do Mindelo de António Leão correia e Silva, publicado pelo Centro Cultural Português, Praia – Mindelo de 2005. Nele encontramos uma informação pertinente e sistematizada para o conhecimento da História de Cabo Verde. A sua leitura proporcionará uma preparação importante a todos os que se dedicam à divulgação do passado caboverdiano. Fiz uma recolha dessa informação, organizei-a por temas e didatizei os documentos, de modo a facilitar a sua leitura aos alunos e a todos os que não estão familiarizados com o português arcaico. Este bolg pretende divulgar aspetos vários da história por todos os que o lerem. Será utilizada uma linguagem simples aplicada a conteúdos, na medida do possível, sempre rigorosos.
S. Vicente, ponto de encontro das mais desvairadas gentes…. A ilha de S. Vicente esteve ao longo de algumas centúrias, depois de encontrada, desabitada., mas não deixou de ter um papel importante como campo de pastagens de gado caprino pertencente aos habitantes das ilhas vizinhas S. Nicolau e Santo Antão. Era considerada, tal como a ilha de Santa Luzia, ilha de montado. A abundância de urzela, planta tintureira, atraía os habitantes das ilhas próximas, por temporadas breves, que a ela se dirigiam para a colher, bem como para apanhar o âmbar que, produzido pelas baleias, era atirado às praias pelo mar. Reservado estava também a esta ilha – S. Vicente – acolher pescadores, servir de abrigo aos baleeiros americanos e aos piratas das mais variadas origens. Encontramos referências a ocupação temporária pelos habitantes de Santo Antão que nela procediam à transformação em couros as peles do gado caprino. A S. Vicente aportaram, como se disse, baleeiros americanos, mas também ingleses e franceses e aqui chegaram, por vezes a transformar o produto das capturas, derretendo-as no Porto Grande de S. Vicente. Os holandeses também marcaram a sua presença, chegando mesmo a utilizá-la como ponto de apoio nas rotas da Companhia das Índias Ocidentais. Durante quatro meses (1629) uma grande frota holandesa estacionou na ilha, antes de rumar ao continente sul americano. Presenças tão prolongadas começaram a inquietar Portugal. Há anos que a teoria do mare clausum tinha caído e triunfado a teoria de Hugo Grotius do mare liberum. Nenhum país tinha o exclusivo das navegações, dos comércios nos mares de todo mundo. Para trás tinha ficado o Tratado de Tordesilhas que dividia “os mares e as terras descobertas e a descobrir” entre Portugal e Espanha. Os povos com vocação marítima disputavam às potências ibéricas o domínio das terras encontradas. Estacionavam, fixavam-se por tempo indeterminado, abasteciam-se, concediam-se privilégios (ingleses, franceses, holandeses) tanto no comércio da costa ocidental africana, como em Cabo Verde. Com o decorrer da exploração da costa ocidental africana, S. Vicente afirmou-se como ponto estratégico, não sendo singulares as manifestações de soberania como as ocorridas, sob a mão dos franceses, ao colocar a bandeira francesa (a bandeira é sempre um elemento simbólico de soberania), bem como armamento defensivo no Porto Grande de S. Vicente. A ilha de S. Vicente proporcionava às expedições europeias o abastecimento de água, carne de cabra, sal e lenha. É assim que até finais do século XVII, S. Vicente desempenhará, no contexto económico da época, um apoio fundamental às viagens europeias na denominada Rota Triangular – Europa – África – América. S. Vicente irá ser uma atracão pela sua posição estratégica, pelo seu Porto Grande e também pelo facto de, sendo uma ilha com reduzida população, por vezes sazonal, ser um local com todas as características para a prática de ilícitos, refúgio de mercadores e piratas. Nela se recolhem os veleiros para reparação e, na ausência de um povoamento sistemático e organizado por iniciativa de Portugal, S. Vicente irá afirmar-se como terra de “ninguém, onde todos se sentem com direitos soberanos”.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A vida dura na terra amada, na terra seca

Djonsinho Cabral, composição interpretada por Ildo Lobo, OS TUBARÕES. (...) Minha gente, este ano, quão mal passei/ Semeei o meu milho, semeei o meu feijão/ (...) A chuva não veio, [a terra] nada deu/ Palha, não há para os animais comerem/ Para que o Sr Morgado não nos tome a terra/ Disse a mamãe que vou vender o boi para que possa pagar [a divida]/ Oh, mamãe! Oh, mamãe! Oh, mamãe!/ Por causa da mamãe, vendo o boi para que possa pagar [a divida]
Composição de VascoMartins, interpretada por Ildo Lobo, OS TUBARÕES. Desespero! “Deixou a terra e foi-se sem rumo e sem direcção/ Deixou mulher, deixou filhos/ Para ir buscar uma vida melhor/ Por um lado, ele não tem que comer/ Dinheiro, não tem para viver/ Nem lugar para dormir/ Desespero! Desespero! Desespero!”
Quando o descobridor chegou à primeira ilha nem homens nus nem mulheres nuas espreitando inocentes e medrosos detrás da vegetação. Nem setas venenosas vindas no ar nem gritos de alarme e de guerra ecoando pelos montes. Havia somente as aves de rapina de garras afiadas as aves marítimas de voo largo as aves canoras assobiando inéditas melodias. E a vegetação cujas sementes vieram presas nas asas dos pássaros ao serem arrastadas para cá pelas fúrias dos temporais. Quando o descobridor chegou e saltou da proa do escaler varado na praia enterrando o pé direito na areia molhada e se persignou receoso ainda e surpreso pensando n'El-Rei nessa hora então nessa hora inicial começou a cumprir-se este destino ainda de todos nós JORGE BARBOSA (1902-1971)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Lanche tradicional com a malta!

Após cinco dias de formação, nada melhor do que um lanche típico da terra para terminar os trabalhos.
Lanchinho delicioso, nao é pessoal? A bolacha frita, o pastel de milho, o funguim, o cuscus e o peixe frito com mandioca" na moda d'terra" (fez o maior sucesso), fizeram do nosso lanche uma sabura!!!
A foto fica como recordação dos bons momentos. Bjs e até a próxima.